sexta-feira, 14 de março de 2014

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Portugueses estão exaustos e a maioria quer mudar de emprego

13/03/2014 - 07:42

A maioria dos trabalhadores portugueses está à beira de um ataque de nervos. É desta forma que a Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) começou esta semana a apresentar os resultados de um perfil de riscos psicossociais associado ao trabalho, avança o jornal i. Avaliações feitas entre 2008 e 2013 a 38 791 trabalhadores dos sectores públicos e privado revelam que nove em cada dez portugueses que estão empregados apresentam sintomas de exaustão. A fadiga é associada ao sentimento de sobrecarga no trabalho, perda de energia e recompensas, mas também a uma diminuição acentuada da percepção de que as organizações onde trabalham são justas ou capazes de ter algum tipo de controlo sobre as tarefas que desempenham.

Se a deterioração dos indicadores de bem-estar em contexto laboral é transversal, com 83% dos trabalhadores em situação de risco moderado de colapso, o sector público apresenta os piores resultados em todas as variáveis analisadas. Segundo o estudo, ao qual o i teve acesso, em 2008, 32% dos funcionários do sector público apresentavam critérios para diagnóstico com stress e em 2013 essa percentagem chegou aos 59%. No sector privado, subiu de 24% para 43%.

As situações de esgotamento (burnout) também se agravaram e parecem ser mais incidentes no sector público: 15% dos trabalhadores do Estado avaliados tiveram diagnóstico de burnout no ano passado contra 10% na amostra de 2008. No privado, a incidência ronda os 12%.

O estudo, que resultou de informação recolhida em avaliações e intervenções psicológicas como coaching ou team building realizadas em empresas de ambos os sectores, vai ser apresentado esta manhã na comissão de Saúde do parlamento. João Paulo Pereira, presidente da (APPSO), justifica o pedido de audição aos deputados com o facto de os dados apontarem para um problema de saúde pública com tendência a piorar. "Quando olhamos para indicadores como o grau de exaustão, é assustador", contou ao i. "Sabemos que a exaustão e o stress podem estar associados a muitos outros indicadores de saúde, como consumo de medicamentos mas também mais pneumonias oportunistas ou enfartes do miocárdio, fenómenos que têm apresentado uma tendência crescente nos últimos anos sobretudo em faixas etárias mais jovens", explica o psicólogo, adiantando que no âmbito de algumas parcerias com a Autoridade para as Condições de Trabalho também tem sido discutida uma eventual ligação com o aumento dos acidentes laborais.

Fartos

Um dos indicadores que João Paulo Pereira considera mais relevante é o mal-estar nas organizações públicas e privadas estar a reflectir-se na vontade que os trabalhadores têm de largar o trabalho, o que, avisa o especialista, deve ser contrariado, não só porque há problemas de saúde associados mas também por se tratar de um risco para a produtividade e o sucesso das instituições.

A intenção de abandonar o emprego num horizonte de cinco anos - designado por turnover em saúde ocupacional - aumentou significativamente: em 2008 estava patente em 35% dos trabalhadores avaliados e em 2013 atingia 78%. Os dados mostram que o sentimento de insatisfação e não pertença é maior no sector público, onde 59% dos avaliados assumiam em 2013 querer abandonar o actual trabalho contra 17% em 2008. No sector privado, nos últimos cinco anos a percentagem tem vindo a diminuir, situando-se no ano passado nos 24%.

Já as intenções de absentismo aumentaram duas vezes e meia entre 2008 e 2013. Os dados apontam para uma estabilização entre 2012 e 2013, com 75% dos avaliados a assumir faltas ao trabalho. João Paulo Pereira acredita que esta estabilização não representa uma melhoria, pois todos os outros indicadores negativos pioram e não há melhorias nos critérios positivos, como a dedicação ou a percepção de energia na realização das funções.

Para o psicólogo, professor na área dos Recursos Humanos no Instituto Superior da Maia, há mais pessoas a trabalhar quando deviam estar a ser tratadas por receio de verem reduzidas ajudas sociais como o subsídio de alimentação, o que, adverte, pode representar um risco acrescido. João Paulo Pereira acredita que o estudo vem abalar a ideia da resiliência intrínseca dos portugueses:

"Estamos no limite", avisa. As mulheres apresentaram ainda assim um grau de risco ligeiramente inferior, por terem melhores índices no plano de sentimento de comunidade ou de dedicação.



Queixas de falta de roupa hospitalar na Unidade de Saúde do Nordeste
13/03/2014 - 09:17
Falta roupa para as necessidades na Unidade de Saúde do Nordeste, que integra os hospitais de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, avança a TSF.

A administração da Unidade de Saúde do Nordeste reconhece as falhas, mas sublinha que o problema está no fornecedor que já se comprometeu a fazer uma melhor distribuição da roupa hospitalar.

O problema "não é de ontem, é de alguns dias, mas está praticamente solucionado", segundo garantiu a administradora, acrescentando que a situação deverá estar ultrapassada "no final deste mês [Março], princípios do mês de Abril".

De acordo com a responsável, o problema deve-se à "limitação do stock disponível" do fornecedor, o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), "para fornecer nas quantidades necessárias da ULS".



Centrais obsoletas não estão a conseguir responder às chamadas feitas através do 112
13/03/2014 - 09:20
As centrais responsáveis pelo atendimento das chamadas feitas para o 112 não estão a conseguir responder aos muitos pedidos que recebem, sendo que são cada vez mais os casos de doentes que acabam por morrer, por não terem sido socorridos a tempo, avança o Jornal de Negócios, citado pelo Diário Digital.

A denúncia surge na edição desta quarta-feira do Negócios, salientando que as centrais, a funcionar em postos da PSP e da GNR, debatem-se com a antiguidade dos equipamentos, os quais já não conseguem fazer o registo credível das chamadas, impedindo inclusivamente a monitorização do tempo médio de atendimento e a identificação da quantidade de chamadas perdidas.

Devido às limitações, das quais faz ainda parte a falha do sistema de georreferenciação que permite determinar o local exacto de onde foi feita a chamada, torna-se impossível o apuramento de dados que confirmem que o sistema não está a funcionar correctamente, levando a que tarde o encontrar de uma resposta ao problema.

Entre os casos mais graves, está, segundo o jornal, a central de Braga.

Fonte: Jornal de Negócios/Diário Digital
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=690365

Portugal terá perdido um quinto dos seus trabalhadores qualificados com a emigração

Corte nas pensões acima de 1000 euros aplicado já em Abril


Orçamento Rectificativo foi publicado nesta sexta-feira em Diário da República e entra em vigor amanhã. Oposição pode enviar proposta para o Constitucional a partir de agora.





Nova CES foi resposta do Governo a recuo na converg~encia das pensões do Estado. nuno ferreira santos

Orçamento Rectificativo para 2014
Os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social, que acumulem um rendimento de pensões superior a 1000 euros, começam a sentir os efeitos da nova contribuição extraordinária de Solidariedade (CES) já no mês de Abril. O Orçamento Rectificativo, que alarga a base de incidência da CES, foi publicado esta sexta-feira em Diário da República e entra em vigor amanhã, mas os seus efeitos práticos começam a sentir-se com o pagamento das pensões de Abril.
Na Segurança Social, as pensões já começaram a ser pagas no início desta semana e a Caixa Geral de Aposentações começa a pagá-las na próxima semana, pelo que já não há tempo para aplicar a CES no imediato. De todas as formas, a nova CES não terá carácter retroactivo.
No caso da Segurança Social há ainda que perceber se o sistema informático estará preparado para começar a aplicar a nova CES. É que no caso do corte das pensões de sobrevivência, problemas com o sistema informático levaram a que só em Março ele fosse efectivado, em vez de ter sido no mês de Janeiro.
O Rectificativo reformulou a CES que vai cortar entre 3,5% e 10% nas pensões acima de 1000 euros brutos, quando até agora estas reduções se aplicavam a quem recebia mais de 1350 euros brutos. Altera-se também o limiar a partir do qual se aplicam os cortes marginais destinados a penalizar as pensões mais elevadas. A redução de 15% passa a incidir sobre as pensões acima de 4611 euros e a de 40% sobre as que excedam 7127 euros.
A medida vai atingir mais 165 mil reformados, a maioria dos quais da função pública, que até aqui estavam isentos da CES. Ao todo serão afectadas cerca de 506 mil pessoas, segundo os dados avançados pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
Os deputados da oposição prometeram enviar o Rectificativo para o Tribunal Constitucional para fiscalização sucessiva. Com a publicação e entrada em vigor, isso poderá acontecer a qualquer momento.
O Orçamento Rectificativo prevê ainda uma norma de salvaguarda para os beneficiários de pensões de sobrevivência (devidas pela morte do cônjuge) de um duplo corte: a CES e o recálculo desta pensão. Quem recebe mais de 2000 mil euros de pensões (a de sobrevivência e outras a que tenha direito) só será afectado por um dos cortes, consoante o que for mais elevado.
Esta salvaguarda produz efeitos desde o dia 1 de Janeiro e os casos dos beneficiários que sofreram um corte a dobrar serão rectificados. Os cortes nas pensões de sobrevivência afectam tanto os beneficiários da Segurança Social como os da Caixa Geral de Aposentações. Mas enquanto na função pública o corte já está a ser feito desde Janeiro, na Segurança Social começou este mês de Março.
A nova CES surgiu na sequência do chumbo constitucional de um artigo da Lei da Convergência que determinava um corte de 10% nas pensões em pagamento da Caixa Geral de Aposentações. Para compensar este chumbo, o Governo decidiu também aumentar os descontos dos beneficiários da ADSE e dos subsistemas de saúde dos militares e das forças de segurança de 2,5% para 3,5%. Porém, na quinta-feira, o Presidente da República vetou o decreto-Lei da ADSE por considerar que aumento dos descontos exigidos aos beneficiários vida sobretudo o equilíbrio das contas públicas e não a auto-sustentabilidade dos subsistemas de saúde. O Governo decidiu enviar o diploma vetado para o Parlamento, tentando contornar a decisão de Cavaco Silva.

Cavaco Silva vetou o aumento dos descontos para a ADSE e para os subsistemas de saúde dos militares e das forças de segurança, informou nesta quinta-feira a Presidência da República num comunicado divulgado no seu site. O Presidente questiona o contributo do aumento dos descontos para a auto-sustentabilidade dos sistemas e alerta que isso visa, sobretudo, consolidar as contas públicas. A decisão deixa em aberto um buraco orçamental próximo dos 133 milhões de euros, o montante que o Governo esperava arrecadar com a medida.
O Governo é obrigado a acatar o veto do Presidente da República e o processo legislativo volta ao início. Assim, ou o executivo desiste do decreto-lei ou lhe introduz alterações. Outra hipótese é ser a maioria parlamentar a propor um diploma.
Na decisão tomada a 11 de Março, Cavaco Silva argumenta que coloca "sérias dúvidas que seja necessário aumentar as contribuições dos 2,5% para 3,5%, para conseguir o objectivo pretendido" de garantir a auto-sustentabilidade dos sistemas.
"Numa altura em que se exigem pesados sacrifícios aos trabalhadores do Estado e pensionistas, com reduções nos salários e nas pensões, tem de ser demonstrada a adequação estrita deste aumento ao objectivo de auto-sustentabilidade dos respectivos sistemas de saúde", refere o Presidente.
Cavaco Silva considera ainda que "não parece adequado" que o aumento das contribuições "vise sobretudo consolidar as contas públicas".
Tendo por base a nota informativa enviada pelo Governo, refere ainda o comunicado de Belém, os 3,5% permitirão arrecadar uma receita que excede significativamente a despesa prevista no orçamento da ADSE. "Verifica-se até que, mesmo que o aumento pretendido fosse apenas de metade, ou seja, de 0,5 pontos percentuais, ainda assim haveria um saldo de gerência positivo não despiciendo", lê-se no comunicado divulgado nesta quinta-feira.
"Sendo indiscutível que as contribuições para a ADSE, ADM e SAD visam financiar os encargos com esses sistemas de saúde, não parece adequado que o aumento das mesmas vise sobretudo consolidar as contas públicas", argumenta o Presidente.
De acordo com as contas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), este aumento dos descontos dos beneficiários e a manutenção das contribuições das entidades empregadoras levam a que o orçamento da ADSE passe a apresentar um excedente superior ao previsto.
“Com as alterações introduzidas, a composição das receitas da ADSE altera-se, passando a contribuição dos beneficiários a representar 87% do total. Saliente-se que, em 2013, estas contribuições totalizaram 57% e, de acordo com o Orçamento do Estado para 2014, deveriam representar 74% do total das receitas em 2014”, refere a análise da UTAO.
Os técnicos estimavam um aumento das receitas da ADSE de 133 milhões de euros, decorrente das alterações à contribuição suportada pelos beneficiários.
O problema do excedente era resolvido com uma norma do rectificativo que determina que metade da contribuição dos serviços reverte para os cofres do Estado, em vez de se ter optado por uma redução da contribuiçã, que actualmente é de 1,25%.
Cavaco Silva questiona também a transferência de 60 milhões de euros do orçamento da ADSE para o Serviço Nacional de Saúde “a título de pagamento das comparticipações devidas com a aquisição de medicamentos por parte dos beneficiários”. Esta medida “não pode deixar de suscitar as mesmas dúvidas, uma vez que tais comparticipações são igualmente devidas pelo SNS a quem não seja beneficiário destes subsistemas”, realça o comunicado.
O Presidente alerta ainda para o facto de a ADSE ser um sistema voluntário desde 2011, o que, diz, aumenta o risco de insustentabilidade. "Para esse efeito alertaram as Forças Armadas e as forças de segurança [quando confrontadas com a possibildiade de os seus subsistemas passarem a ser voluntários, algo que acabou por não acontecer], prevendo que tal levaria à saída ou à não-inscrição dos mais novos, ou dos que auferem salários mais elevados, conduzindo a que a sustentabilidade do sistema ficasse seriamente comprometida", lembra o Presidente da República.
O aumento dos descontos para os subsistemas de saúde da função pública foi uma das medidas adoptadas pelo Governo para responder ao chumbo do Tribunal Constitucional aos cortes nas pensões em pagamento pela Caixa Geral de Aposentações.

A oposição já se congratulou com o veto de Cavaco. O PS fala de uma estratégia contínua de empobrecimento do país, enquanto PCP e BE consideram que o Presidente da República é "intermitente", lembrando que na véspera Cavaco deu aval ao corte nas pensões acima de mil euros.

Metade dos doentes que começa tratamentos renais tem mais de 65 anos


Maria de Castro Nogueira, a menos de uma semana de completar 100 anos, é uma das mais de 6500 pessoas acima dos 65 anos a fazer tratamentos como a hemodiálise.


Cerca de dois terços das pessoas com doença renal fazem diálise Fábio Teixeira/Marqu

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Pouco passa das 11h quando Maria de Castro Nogueira se dirige para a mesa de almoço. Uma bengala recente dá uma ajuda, mas as pernas ainda são rápidas e escondem bem os 99 anos de vida. Não se pode atrasar, afinal é dia de “trabalho” e às 11h30 vêm buscá-la a casa, só regressando às 18h. Desde há quatro anos que foi traída pelos rins, mas decidiu passar-lhes a perna. A menos de uma semana de completar 100 anos, encara as três idas semanais às sessões de hemodiálise como um compromisso que lhe trouxe a oportunidade de continuar a viver “um ano de cada vez”. Em 2012, em Portugal, tal como Maria Nogueira, dos 2323 doentes que começaram os chamados tratamentos substitutivos da função renal, mais de metade estavam acima dos 65 anos.
Os dados, antecipados ao PÚBLICO, serão divulgados pela Sociedade Portuguesa de Nefrologia a propósito do Dia Mundial do Rim, que se assinala na quinta-feira, dia 13 de Março, e que neste ano é dedicado ao tema “A Doença Renal Crónica e o Envelhecimento”. Ao todo, em 2012 foram 17.641 os doentes que precisaram de tratamentos como a diálise peritoneal e a hemodiálise (duas técnicas para filtrar o sangue) ou o transplante de rim, sendo que 6535 pessoas tinham mais de 65 anos – uma barreira que antes impossibilitava em muitas situações o acesso a estas técnicas que eram mais agressivas. Agora, cerca de dois terços das pessoas fazem diálise, um terço receberam um rim e duas mil aguardam o órgão na lista de espera.
Fernanda Carvalho, médica nefrologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, explica que a doença renal não é uma patologia só do idoso, “apesar de o envelhecimento ser um factor que afecta o funcionamento de vários órgãos” e de merecer especial atenção pela prevalência da doença. A hipertensão e a diabetes são, segundo a médica, as principais causas de problemas nos rins, sendo que “a doença renal é quase sempre silenciosa e por isso as pessoas devem ir pelo menos uma vez por ano ao médico de família, onde com umas simples análises à urina e sangue se consegue fazer um diagnóstico precoce” com a possibilidade de cura antes de a patologia ser considerada crónica. Se nas crianças as causas hereditárias lideram, dos 15 anos aos 65, o estilo de vida é um dos principais problemas a combater, aponta a clínica.
800 mil doentes renais
Ainda de acordo com os números da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, a idade média dos doentes em tratamento está nos 65,9 anos. Ao todo, as estimativas apontam para que 800 mil pessoas sofram de doença renal – ainda que grande parte dos doentes não saiba, o que faz com que todos os anos surjam cerca de dois mil casos de pessoas em falência renal, quando pode ser demasiado tarde para reverter a situação. No que diz respeito a sintomas, dores de cabeça que possam apontar para alterações na tensão arterial, tendência para urinar menos de dia e mais à noite, desconforto na região lombar, pernas inchadas ou “papos” nos olhos maiores do que o normal ao acordar podem ser alguns sinais de alerta. Há também casos em que não se encontra uma explicação aparente nos outros exames e faz-se então uma biópsia ao rim. Em 2013 foram feitas 788, mais 88 do que no ano anterior, um número de Fernanda Carvalho atribui ao facto de tanto os doentes estarem mais atentos como pelos hospitais terem agora maior capacidade de resposta e mais oferta.
Quanto ao facto de haver cada vez mais pessoas acima dos 65 anos a fazerem estes tratamentos, Fernanda Carvalho considera que uma parte do crescimento é justificada pelas doenças como a hipertensão e a diabetes estarem a crescer, mas diz que a medicina também tem mudado os seus paradigmas: “Há 15 anos era impensável ter pessoas destas idades a fazer hemodiálise ou transplante. Agora se a condição física for boa, um doente chega a ser transplantado com 70 anos e a fazer diálise muito acima dessa idade, pois os métodos são menos agressivos”.
Maria de Castro Nogueira sabia que tinha hipertensão. “Tirando a tensão alta sempre fui muito saudável e mexida. Não tenho uma única dor. Há pessoas que se andam sempre a queixar mas eu não. Sou muito feliz, claro que tive os meus problemas como toda a gente, mas os males devemos empurrá-los para baixo”, defende, com mais um sorriso. A nora Edite Nogueira, a quem Maria chama filha, explica que a “bisa” da família (como é carinhosamente tratada) começou a perder o apetite e a ficar muitas vezes nauseada. Nas urgências do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, detectaram-lhe o problema e nem hesitou em arriscar os tratamentos, conjugados com uma alimentação que contraria a sua tendência para os salgados e onde controla também a ingestão de potássio. “É para estar bem no bikini”, brinca Maria Nogueira.
"Não penso muito na vida mas faço tudo para viver"
Na altura vivia sozinha, pois estando viúva há mais de 40 anos habituou-se a ser autónoma, e a principal diferença é que agora passa um mês em casa de cada um dos três filhos, visitando a sua casa e a horta sempre que pode. “A minha filha até queria que eu estivesse sempre na casa dela, mas eu não posso estar a pesar, não é?”, justifica, confessando que aproveita a sua idade para “não fazer nada”, agora que os olhos já não a deixam ler como antes e que a televisão só mostra “coisas sem interesse”.
“Não penso muito na vida mas faço tudo para viver. Encaro [a hemodiálise] como o meu trabalho e cabe-me pôr-me arranjada e pronta a tempo da ambulância me vir buscar. Custa-me mais esperar do que fazer o tratamento de quatro horas, em que às vezes nem sinto a ‘pica’”, conta, assegurando que isso não a impede de continuar a passar férias no Algarve, Vila Real ou Viseu. Para este Verão já tem presença marcada na Régua. E o “trabalho”? Com a ajuda dos filhos agiliza os contactos com os centros de diálise mais próximos dos locais para onde vai.
No dia 18 de Março, o do seu aniversário, tencionava marcar presença nos tratamentos. “Mas eles são uma jóia e insistiram para eu ficar em casa e vou antes na véspera à noite, apesar de a festa ser só no fim-de-semana”, diz, acrescentando que no evento deverão marcar presença os 12 netos e 15 bisnetos – partilhando o soprar das velas com a bisneta mais velha, que completa um quarto de século no mesmo dia.
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