sábado, 19 de abril de 2014

QUE SAUDADE IMENSA

RECORDANDO A GREVE DE 1976 E O SEU IMPACTO

E O TERMÓMETRO SOBE AO CONTRÁRIO DO QUE DISSE O GOVERNO.
VEJAMOS:

Na 3ª coluna do texto acima exposto  pode ler-se o que disseram de nos em 17 de Março de 1976 os Enfermeiros Comunistas sobre a greve, com o que nada tiveram a ver, pois foi o grupo de maioria MRPP que proporcionou uma luta conjunta e profícua, por isso mesmo.
Com este Grupo de Enfermeiros Comunistas nunca isso seria possível, como se vê, 38 anos depois.
Dizem: «  Um comunicado do S.I.P. do P.C.P. dá conta da posição dos enfermeiros comunistas transcrevendo um outro comunicado por estes emitido em que alertam contra "o aproveitamento reaccionário das lutas e denunciam as direcções dos Sindicatos de "oportunistas" e de [cupulismo(?)].
Reconhecendo a "impopularidade" de qualquer greve neste sector, e declarando-se "solidários com todos os trabalhadores de enfermagem  em torno das suas reivindicações os enfermeiros comunistas "apelam aos enfermeiros para que não abandonem os serviços, para que não abandonem os doentes».

Para os analistas: podem ver, aqui, as raízes da duplicidade de os Enfermeiros Comunistas tentarem conseguir ter chuva no nabal e sol na eira.
Foi com essa ambiguidade que banalizaram o efeito das greves de Enfermeiros, transformando-as numa fantochada ridícula.
Até a S.da L. dizia: nunca vi as Enfermeiras tão solícitas, como no dia da greve.
Aqueles serviços mínimos em que põem 2 Enfermeiros a fazerem as rotinas, e tudo o que se queira, de 10;
Aquela estupidez de provocarem os "não grevistas", invertendo o teor da lei: de quem é que substitui quem.
Aquela impossibilidade de fazer greve, sem causar estragos, é um desrespeito por aqueles que deram a sua vida ao serviço da Classe que representavam, por respeitarem a genuinidade da greve.
Foi esta gente que muito contribuiu com o seu faz-de-conta, de tigres de papel, para deitar por terra o que foi, sem a sua contribuição, a greve de 12 de Março de 1976.
Comprometidos com a "Organização Partidária", não teriam a capacidade que os Enfermeiros de 1976 demonstraram. E que disto ninguém duvide, pois aí estão 38 anos anos em que construíram a nossa mansidão fictícia.
Mas se olharmos o Governo de então, a parte civil do dito:
«Se for necessário o M.A.S.  elabora programa
O Ministério dos Assuntos Sociais forneceu aos órgãos de informação a seguinte nota oficiosa:
1 - O Ministro dos Assuntos Sociais (Rui Machete) deseja manifestar o seu reconhecimento pela adesão maciça da população ao apelo que ontem à noite, lhe foi dirigido».

Comentário nosso: tentem imaginar a cara dos governantes, Ministro e Secretários de Estado, quando lhes revelámos que; quem ofereceu aqueles voluntários para substituírem os Enfermeiros, que no ardor da luta, ameaçaram abandonar os hospitais (foi este o truque que usaram as Enfermeiras Finlandesas, recentemente, com estrondoso êxito), foram os Sindicatos que, empunhando as listas telefónicas, desataram a oferecer, a eito, nomes de páginas inteiras. Por isso Ministro dos Assuntos Sociais, se congratulou com tamanha colheita, fictícia, por sinal...
Depois, como as ofertas foram feitas da casa de Colegas, generosas e do próprio Sindicato, através de telefones sem número, grande serviço da gente do MRPP da especialidade, foi um divertimento risonho, no meio de tanta responsabilidade. Depois foi só pôr o telefone fora do descanso e queimar os telefones do MAS, deixando-o sem telefones, durante bastante tempo. Foi um generoso trabalho de equipa, como nunca mais vi, depois que entrou a formiga branca a abandalhar o sistema.
Esse momento de oferta falsa deu para supor a surpresa que seria para muitos oferecidos se, por acaso, o Ministro dos Assuntos Sociais desatasse a convocá-los, se por acaso, os Enfermeiros ameaçados em vários pontos do país (continente e arquipélagos dos Açores e Madeira, onde desde os ciganos, em Viseu, aos militares, no Funchal que não deixavam os Enfermeiros saírem, para suas casas; às agressões em Paredes; às infâmias, em Vila Real) decidissem mesmo fugir para vários pontos, nomeadamente Espanha, se não lhes fosse garantida a segurança, pelo(s) Governo(s).
Um dos Secretários, que tinha sido o da ideia; de tocar no respeito que os Enfermeiros têm pela sua Profissão, ao ameaçá-los de lhes porem os curandeiros nos seus lugares, entrou de diarreia aguda e teve de recorrer ao leito, durante uns dias, acaçado, com as possíveis consequências da resposta adequada e pronta do Comité Central da Greve, à sua infeliz ideia provocatória.
Imaginem o diálogo entre uma das secretárias do MAS a contar consigo para comparecer no hospital X para substituir a Enfermeira Y e não saber de nada...
Até os Enfermeiros Comunistas enganámos, que se julgam mais humanos que os grevistas.
Não sabiam que para dar uma insulina a uma velha diabética deslocaram-se a sua casa, gratuitamente, 5 piquetes de socorro à população, que tivemos, sempre connosco, a apoiar-nos.

O MAS teve de pôr os restantes pontos da nota oficiosa à imprensa, no caixote lixeiro, porque se o primeiro ponto dos voluntários falhou, todos os restantes estavam feridos de exequibilidade.
E os Governos; o Civil e o do MFA (militar) ficaram nas nossas mãos e tiveram de ceder às nossas exigências e com muito respeitinho, não fosse o "gigante" zangar-se.
Esteve para ser decretado o estado de emergência, em Portugal.
Nunca as reuniões do Conselho de Ministros foram tão longas; das 20 horas às 8 do dia seguinte.
POIS FOI ESTE PATRIMÓNIO QUE A INÉPCIA DO SEP DESTRUIU, TORNANDO-SE INDIGNO DA HERANÇA GREVISTA QUE RECEBEU E ABANDALHOU.
Não foi capaz de resistir ao egoísmo político de politizar as lutas dos Enfermeiros.
Não tinham esse direito.
E, agora, vai ser necessária muita paciência, persistência e inteligência, para darmos o golpe, que demos em 1976, ao Governo, de então, numa luta de cavalheiros.
Já estamos a rever o texto e adaptá-lo, aos tempos actuais.
Se o SEP não vier com aquela utopia de querer sol na eira e chuva, no no nabal.
Se tiver a humildade de não armar, em controleiro unicitário, para não renovar os estragos, podemos pregar um susto valente aos governantes, que estão a brincar, nitidamente, com os Enfermeiros, porque pensam que os Enfermeiros Comunistas, com o seu "humanismo fictício" (o Comunismo não é um Humanismo), são capazes de abortar qualquer greve, a sério, que não a fantochada, que criaram com uns serviços mínimos, que envergonham qualquer grevista.
Os Enfermeiros têm de saber escolher, se quiserem recuperar aquilo a que têm direito: um salário justo, para um horário tolerável.
Têm de saber escolher os mais capazes e com provas dadas. Em 1976, como em 2014, lamentamos ter de dizer; o SEP já demonstrou que não percebe a essência da coisa, porque quem escreve a peça não conhece a prática e o pensamento enfermeiro e quem a executa, não conhece a arte de representar uma greve.

Nesta época ainda não tinha sido inventadoi o medo.
Como se infere por este pedaço da nossa memória, foram capazes de desafiar tudo e todos, com sucesso, porque desconheciam o medo.
Quem o inventou;
Quem o alimentou?

Com amizade,
José Azevedo

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