sexta-feira, 27 de junho de 2014

Médicos Sem Enfermeiros São Letra Morta




Se vai de férias para o Algarve, não adoeça

A Ordem dos Médicos avisa que não há clínicos para responder ao aumento da população durante o verão. Responsáveis garantem que este ano as falhas são maiores.




Ordem dos Médicos alertou hoje que o Algarve não tem profissionais de saúde para responder aos turistas de verão
Ordem dos Médicos alertou hoje que o Algarve não tem profissionais de saúde para responder aos turistas de verão / Tiago Miranda
Todos os anos os anos há verão e milhares de pessoas que rumam ao Algarve para férias, sobrecarregando a procura dos serviços de saúde, mas este ano as dificuldades vão ser maiores. Ao final da manhã, o Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos avisou que as carências de médicos são mais evidentes e que já há unidades a encerrar temporariamente por falta de profissionais.
"Nesta região, sobretudo no plano hospitalar, os problemas têm sido recorrentes e cada vez mais graves ao longo do ano, com falta de recursos humanos mas também de equipamentos e terapêuticas. E com a chegada do verão é previsível um forte agravamento dos problemas e da escassez das soluções", explicou o presidente da delegação do Sul, Jaime Teixeira Mendes. Entre "um vasto conjunto de situações que prejudicarão drasticamente a qualidade dos cuidados prestados na região", estão "a falta de 100 especialistas de medicina geral e familiar e de mais outros 100 nos hospitais, em especialidades como anestesiologia, dermatologia, oftalmologia ou ortopedia", explicou Ulisses Brito, médico no Hospital de Faro e presidente do Conselho Distrital do Algarve da Ordem.
O médico afirma que a situação maios complicada é vivida nos serviços de urgência básica (SUB), a primeira porta a onde vão bater os turistas. "O SUB de Loulé já teve de fechar três dias por falta de médicos e noutros dias em vez dos dois médicos escalados apenas está um de serviço". A situação, salienta, "levou já o presidente da Câmara de Loulé a pedir uma reunião com a Administração Regional de Saúde do Algarve".
Mas o problema é extensível a outras regiões algarvias. "Na maior Urgência do Algarve, no Centro de Saúde de Albufeira, há lacunas graves nas escalas: há poucos médicos, as empresas não respondem e as horas extras são mal pagas." Ulisses Brito apela por isso à intervenção do ministro para "que sejam garantidos recursos materiais para depois ter-se profissionais".
Ao Expresso, o gabinete de Paulo Macedo diz que este é um problema do foro local, da Administração Regional de Saúde do Algarve e do Centro Hospitalar do Algarve. O presidente desta unidade, Pedro Nunes, confirma a falta de recursos e reconhece que a situação é grave, embora seja assim há, pelo menos, dois anos. Pedro Nunes acredita que vai ter autorização atempada para contratar 45 enfermeiros. No caso dos médicos, admite que será um pouco mais demorado, embora ontem o Governo tenha dado 'luz verde' ao preenchimento de vagas por recém-especialistas que tenham concluído a formação pós-graduada no início do ano. Para o Algarve estão previstos 29 lugares, oito em pediatria e cinco em medicina interna.
A Administração Regional de Saúde do Algarve IP garante que, "entre julho e setembro, vai reforçar a capacidade de assistência nas unidades de cuidados de saúde primários, de forma a garantir um atendimento seguro e de qualidade à população residente e turística nos cuidados de saúde". Por exemplo, com "o alargamento do horário de atendimento e reforço das consultas de atendimento complementar nos concelhos do litoral" e com 32 Postos de Praia. Sobre a existência de mais profissionais, os responsáveis asseguram que "aguarda-se, para breve, um reforço de recursos humanos, nomeadamente de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais".



Sem comentários:

Enviar um comentário