quarta-feira, 20 de agosto de 2014

HISTÓRIA DA ENFERMAGEM [ 4 ]

A ERA DA ESPECIALIZAÇÃO

I O conceito de especialidades de Enfermagem era literalmente desconhecido antes da influência de Florence Nightingale e do surgimento da Enfermagem Moderna. Se esperava que cada Enfermeira se ocupasse do doente sem ter em conta o tipo de doença que justificasse os cuidados.
Nos hospitais os doentes não foram separados por doenças até às primeiras décadas do século XX.
Pode ser que esta mudança foi o factor desencadeante do movimento para a especialização, já que os doentes eram colocados em áreas de acordo com os diagnósticos médicos.
Contudo, até à 2ª Guerra Mundial a maioria das Enfermeiras trabalhava como pessoal de Enfermagem Geral nos hospitais, como Enfermeiras de Saúde Pública ou como Enfermeiras de instituições privadas.
Os avanços científicos e médicos que se realizaram durante e depois desta Guerra tiveram como resultado um amplo corpo de conhecimentos que catapultou as especialidades médicas. Estas se consideraram então necessárias para que pudesse dar-se a expansão e utilização dos conhecimentos.
Com o tempo, a tendência para as unidades de cuidados especializados foi conquistando importância e com ela evoluiram vários papeis de Enfermagem. Estes papeis reconheceram-se como ampliados e papeis extensos.
Além disso os termos frequentemente usados utilizam-se indistintamente, existe uma diferença entre eles. O papel ampliado refere-se a um médico mais completo com uma orientação de praticante; o médico mantém a autoridade  e o poder de tomar decisões. O papel ampliado é um alargamento do papel da Enfermagem orientada para os cuidados nos quais a Enfermagem colabora com o médico quando seja caso disso.
As primeiras especialidades de Enfermagem surgiram nos finais do século XIX, princípios do do XX: A Enfermeira Parteira e a Enfermeira Anestesista.
A formação das Enfermeiras Parteiras foi uma resposta directa à necessidade de melhorar o cuidado materno-infantil; à prática incontrolada, à prática incontrolada de parteiras sem preparação e à falta de tocólogos nas zonas rurais mais pobres.
O papel da Enfermeira anestesista surgiu como parte da crescente sofisticação da cirurgia a princípios dos anos 1900, quando se reconheceu a necessidade de ajudantes preparados para administrar os anestésicos. Já não havia segurança suficiente ter estudantes de medicina ou ajudantes sem preparação a anestesiar.
Estas primeiras especialidades foram seleccionadas dentre o grupo exequível de Enfermeiras preparadas com o objectivo de satisfazer exigências e necessidades sociais muito específicas.
As lutas mais claras aconteceram contra a oposição procedente de grupos de especialidades particulares no interior da medicina e contra barreiras legais a estas práticas.
Infelizmente, na actualidade, continuam em vigor os mesmos tipos de lutas contra a especialização das Enfermeiras.
"Ainda que ao princípio as Enfermeiras anestesistas e as Enfermeiras Parteiras fossem formadas e supervisadas por Médicos, o desenvolvimento da especialização clínica autónoma na Enfermagem não foi bem recebida pelos grupos médicos.
E continua a persistir a oposição à formação e prática clínica das Enfermeiras Parteiras e das Enfermeiras Anestesistas...
Os conflitos com as Enfermeiras Parteiras e Anestesistas resultaram na infra-utilização  e uso adequado destas Enfermeiras especializadas e altamente qualificadas. O debate e a ambivalência  relativamente ao seu papel continuam a confundir o público norteamericano. A resolução das disputas territoriais entre a Enfermagem e a medicina está superada há tempos.
Sem dúvida, é evidente que os debates e conflitos continuaram enquanto se continua a considerar as Enfermeiras especializadas e altamente qualificadas como "uma ameaça para o nível social e/ou económico dos demais grupos ou para o seu poder ou base de controlo" (Krampitz, 1981; pág 62


NB: Qualquer semelhança com o ontem da medicina e o hoje da Enfermagem de certos sindicalistas Enfermeiros/as não é pura coincidência; é retirar, ou pelo menos tentar retirar competências à Enfermagem.
A investigação seguinte será tentar saber:
1 Porquê;
2 - Para quê;
3 - Para quem?

Com amizade,
José Azevedo



II (continuação)

à necessidade de impor restrições legais à prática de Enfermagem ou a sua ubiquidade sob a supervisão directa da medicina são preocupações que se ouvem insistentemente nas discussões sobre a especialização da Enfermagem. Não é de estranhar, já que existem documentos históricos que confirmam que os médicos tentam continuamente manter a Enfermagem sob o seu controlo.
Hoje, como ontem, as Enfermeiras necessitam de definir e controlar a sua prática de Enfermagem;
Diz Lvavinia Dock:
«Penso que nada, estimado director, é mais exasperante para a tolerância duma pessoa qué ver homens - a maioria dos quais nunca compreendeu e jamais poderá compreender o que é realmente  o trabalho da mulher, quais são os seus pormenores ou como deve realizar-se - dedicando-se a ensinar e a preparar as mulheres em algo que é tão inquestionavelmente seu como é a Enfermagem.
Esta afirmação não a circunscrevo unicamente aos homens, mas direi que os médicos, quer sejam  homens ou mulheres, não podem dar aulas de Enfermagem; da mesma forma que as enfermeiras não podem dar aulas de medicina.
A medicina e a enfermagem não são o mesmo, e por muito que possamos aprender do médico sobre a doença e o seu tratamento, todo o campo da Enfermagem - tal e como o doente a vê (e o doente é o centro da questão - lhe é desconhecido. Estou de acordo em que fazer uma crítica inteligente da Enfermagem, mas não pode ensinar como deve realizar-se nem a pode executar ele próprio, excepto em algumas excepções.
Portanto, devemos reconhecer as qualidades e características do nosso trabalho que são superiores às que nos podem ensinar os homens e agarrarmo-nos firmemente a elas, negando-nos a pô-las de lado; de forma muito especial, devemos resistir a qualquer intento de retirar-nos o direito a ensinar o nosso próprio trabalho, com as nossas mãos, formando Enfermeiras a partir da sua autêntica relação com a sua vocação e pondo em evidência o grupo de imitadores imperfeitos de homens pseudocientíficos, meros satélites da profissão médica, que não podem ser nem médicos nem enfermeiros.» (Dodk, Editorial 1901)-
Há, ainda outra Enfermeira especialista que merece ser mencionada: a Enfermeira de Empresa.
Esta especialista surgiu para dar resposta aos riscos e condições anormais de saúde das fábricas e demais campos de trabalho industrial.
Num primeiro momento prestou-se pouca atenção ao cuidado das lesões.
Nas etapas iniciais a Enfermagem de Empresa consistia num serviço de visitas domiciliárias; inicialmente a visita dos doentes era feita pelos Médicos. Ado Mayo Stewart foi a primeira desta especialidade.



Foi contratada por Fletcher D. Procter em 1895 para exercer como Enfermeira Domiciliária para as famílias dos empregados da Vermont Marbe Company, empresa sua.
O crescimento da Enfermeira de Empresa foi lento até ao auge repentino da indústria de armamento, durante a II Guerra Mundial. A partir de então começou-se a contratar rapidamente Enfermeiras para todo o tipo de fábricas, uma prática que, na maioria dos casos, continuaria depois de a guerra terminar.
A década de 60 foi testemunha de outro período de notável crescimento da especialização da Enfermagem, que continuou até hoje.
Nos hospitais desenrolou-se todo o tipo de campos de especialização (unidades de cuidados coronários, unidades de cuidados intensivos cirúrgicos, unidades de cuidados intensivos de medicina, unidades de diálise, unidades de oncologia), que obrigaram à mudança de estatuto da Enfermagem.
(Se a insigne Guadalupe tivesse lido isto, antes de palrar sobre as nossas especializações...).
Além disso, as lacunas identificadas no sistema de cuidados de saúde dos EUA durante esta época determinaram que a Enfermagem começasse a experimentar o papel de "Especialista Clínica", ou "Enfermeira Clínica".
Este novo conceito permitiu que as Enfermeiras utilizassem o seu saber, baseado no conhecimento fundamentado e profundo, para a prática da Enfermagem avançada. [Se os autores do maldito REPE da COMPLEMENTARIDADE tivessem lido isto não tinham transformado a Enfermagem, onde estão por engano, não teriam escrito e vendido como vitórias as baboseiras que criaram, numa Enfermagem das mais avançadas do mundo...].
Novamente, os esforços da Enfermagem se viram mais uma vez coartados, já que frequentemente as administrações dos hospitais não estavam dispostas a pagar pelos referidos serviços especializados atribuiam essas responsabilidades à supervisora ou à Enfermeira de escala especializada.
Desta forma se proibia ou impedia que a especialista exercesse um papel clínico (de médico).
Mas não se puderam vencer todos os obstáculos interpostos a esta função, ainda que, hoje, as Enfermeiras Especialistas Clínicas (à americana) já operam em diversos tipos de empreendimentos, incluindo hospitais, instituições ambulatórias, juntas com Médicos, independentes ou em grupos e em consultas privadas ou em conjunto com outras Enfermeiras especialistas e/ou Médicos.
 Em 1954, Hildegard E. Peplau desenvolveu o primeiro programa ao nível de graduação para a preparação de especialistas clínicas na Universidade Rutgers; a área de especialidade do programa era a Enfermagem Psiquiátrica.
Neste período, também se introduziu a "Enfermeira Prática" como resultado de uma demonstração específica subvencionada pela Fundação Comunitária, na Universidade do Colorado em 1965.
O Dr Henry Silver, pediatra e a Dr.ª Loretta Ford, Enfermeira de Saúde Pública da dita Universidade, colaboraram  nesse empreendimento.
Este projecto de demonstração deu lugar à criação de um programa de Enfermagem prática em pediatria que habilitava as Enfermeiras para prestar cuidados gerais a meninos sãos num contexto ambulatório. Além disso, as Enfermeiras ensinavam-nas a emitirem opiniões sobre as doenças agudas ou crónicas dos meninos e a exercer como praticantes nas urgências pediátricas.


Um dos efeitos destas inovações foi o desenvolvimento de numerosos títulos novos na Enfermagem tais como: Enfermeira Clínica; Especialista em Enfermagem Clínica e Enfermeira Prática.
Todos eles diferiam no seu significado, nas exigências de formação e nas funções a desempenhar.
É evidente que falta uma uniformização dos títulos, como demonstra a lista de mais de 80 titulações em Enfermagem prática elaborada por Grippando (1977; pág. 253).
Por outro lado, actualmente existem 27 organizações que representam diversos tipos de prática de
Enfermagem especializada (nós temos 11 ou 12, tanto quanto sei) e a lista continua a aumentar.
Não obstante, a Associação de Enfermeiras Americanas definiu a sua posição sobre este tema através duma declaração de política social:


«A especialidade em Enfermagem prática é uma Enfermeira que, através do estudo e da prática supervisada a nível de diploma (licenciado ou doutorado), converteu-se numa perita dentro da área definida do conhecimento e prática de Enfermagem.
Os especialistas na prática de Enfermagem, também são generalistas, visto têm o título de diplomado e, portanto, são capazes de proporcionar toda a gama de cuidados de Enfermagem. Além disso, completando os estudos dentro de um programa de grau universitário centrado na especialização clínica, a Especialista em Enfermagem Prática deve satisfazer os critérios da certificação de especialização através da Associação Profissional de Enfermagem» (American Nurses' Association, 1980).
NB: Convém esclarecer que lá, nos EUA a organização sindical não tem sindicatos de Enfermeiros, por isso há associações por especialidades, o que em Portugal não se justifica pela duplicidade de papeis, mormente agora com a criação da Ordem. É assunto para quem as criou resolver.

O papel da Enfermeira muda constantemente, e a prática da Enfermagem está-se a tornar cada vez mais sofisticada. Estão a utilizar-se novas teorias, técnicas, destrezas e instrumentos para cobrir as necessidades duma sociedade que é sumamente tecnológica, complexa e dinâmica.
A ESPECIALIZAÇÃO conduziu ao desenvolvimento de planos de estudo novos e revistos no contexto de formação e de estabelecimento de novos programas da formação especializada para que as Enfermeiras possam adquirir os conhecimentos, destreza manual e responsabilidades que são inerentes à sua função.


{NB: convém lembrar que neste país (EUA) desde há muito que para exercer a Enfermagem, seja a que título for, é necessário ter seguro de risco profissional, porque a responsabilidade está no próprio e não na ingenua ou bacoca COMPLEMENTARIDADE, como os anjinhos, cá de Portugal acreditaram, para tentarem transferir a nossa responsabilidade para outros E o Sr. de Terras de Pombal aceita e agradece e o conflito instala-se e dispensa discurso}

Sem comentários:

Enviar um comentário