quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

ESPERAVAM QUE OS MÉDICOS CONCORDASSEM!?

Médicos rejeitam alargamento “inútil e prejudicial” das funções dos enfermeiros
15/01/2015 - 11:07
Ordem dá parecer negativo a proposta do Ministério da Saúde para ultrapassar dificuldade de resposta nas urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
http://imagens1.publico.pt/imagens.aspx/390311?tp=UH&db=IMAGENS&w=749Para José Manuel Silva a solução está no reforço directo dos recursos humanos SÉRGIO AZENHA
·          
A proposta do Ministério da Saúde de alargar as funções dos enfermeiros nas urgências dos hospitais públicos, para colmatar as horas de espera sentidas nas últimas semanas, é considerada “demagógica, inútil e prejudicial” pela Ordem dos Médicos, que rejeita por isso a solução. No parecer negativo, assinado pelo bastonário José Manuel Silva, é argumentado que os doentes urgentes “não são meros protocolos” e que a requisição de exames por profissionais de enfermagem representaria apenas uma “falsa solução”.
Em síntese, o bastonário resume que a proposta da tutela “mistura e baralha conceitos, irá aumentar a despesa em exames complementares, vai atrasar a aplicação da triagem dos doentes e vai obrigar os doentes a serem submetidos a exames complementares em dois tempos, nada beneficiando de forma substantiva o processo de avaliação e encaminhamento do doente no serviço de urgência”, reiterando que “a única forma de acelerar a observação dos doentes num serviço de urgência é dotando os serviços de urgência dos recursos técnicos e humanos que necessitam, nomeadamente médicos”. [Aqui está a razão do impasse e do empata doentes porque pôr Médicos e mais Médicos que tratam tudo e todos da mesma maneira sem agilizarem o modo de ver das situações é negativo. Não é u número de Médicos que resolve a questão: é a qualidade dos mesmos e o número de Enfermeiros suficientes que concluam com rapidez a observação máedica. Quando em muitos paises já não há Médicos em presença física nas urgências é porque entregam as primeiras duas horas aos Enfermeiros que de acordo com cada situação preparam o Doente e,  depois, é que contactam o Médico avençado para entrar na fase seguinte. Cá também se faz o mesmo, simplesmente os Enfermeiros não fazem valorizar isso e estes invisuais continuam a cuspir e a desrespeitar a nossa humildade.] (José Azevedo)
A posição de José Manuel Silva já tinha sido avançada ao PÚBLICO aquando do anúncio da proposta do Ministério da Saúde. Na altura, o bastonário, ainda sem avançar as conclusões do parecer final, já alertava que tinha “sérias reservas” sobre a sua eficácia. “Querem pedir análises e RX para todos os doentes que entram na urgência? Peçam. Mas isso terá custos, alguém vai ter de pagar, e não resolve o problema do doente. Só serve para lhe dar a sensação de que fez alguma coisa enquanto espera horas. É um remendo. O essencial para resolver os problemas das urgências é que o doente seja visto por um médico atempadamente, nos tempos definidos”, dizia. [ Não admira que invoque a inutilidade dos exames pedidos pelos Enfermeiros, que são feitos pelas mesmas entidades que fazem os que são pedidos pelos Médicos. Eles fazem isso uns aos outros, porque ainda ninguém se lembrou de os responsabilizar por esses desperdícios. Individualismo é uma coisa, intencionalismo malvado é outra.] (José Azevedo)
Agora, no parecer sobre a proposta de despacho que o ministério de Paulo Macedo fez chegar à Ordem dos Médicos, começa por considerar “particularmente grave” a ideia de que os enfermeiros venham a poder “implementar protocolos de analgesia”, isto é, controlar as dores dos doentes que chegam às urgências, antes de serem vistos pelos médicos. “Fazer analgesia antes de observação clínica representa um enorme risco para os doentes, podendo mascarar algumas situações potencialmente graves”, explica José Manuel Silva. [ Ainda o Sr. DR. José Manuel não era nascido já os Enfermeiros sabiam quando e como analgesiar sem mascarar os sintomas. Intencionalmente vem falar da gravidade da despistagem de sintomas esquecendo atrevidamente o contributo dos enfermeiros para determinar o diagnóstico diferencial. Faz dos Enfermeiros estúpidos e ignorantes, porque estes lho consentem e, até se esquecem da velha máxima «vozes de burro não chegam ao céu». Esquecem que com as alterações do novo acordo ortográfico, também o céu se alterou e podem chegar ao céu que temos.
A Ordem dos Médicos defende que a Triagem de Manchester, em que os enfermeiros classificam os doentes que chegam aos hospitais de acordo com a urgência dos casos, atribuindo uma pulseira com a cor correspondente (vermelha, laranja, amarela, verde e azul), consiste em aplicar um protocolo elaborado por médicos e que resulta de algoritmos.
[Mas convém não omitir o facto de que eu próprio, enquanto Enfº Director do HSJ introduzi alguns complementos e correcções, no algoritmo, uma das quais é a fragilidade  de ter sido feito por Médicos, para Enfermeiros fazerem um pré-diagnóstico. Outra das alterações é complementar o algoritmo com a sua observação, pois convém não abafar o papel que os Enfermeiros desempenham ao tomarem conta dos doentes em estados diversos que vão do ligeiro ao muito grave e sabem, muito bem, quando e como devem pedir ajuda, nomeadamente, ao Médicos. Tentar abafar tudo isto não é decente; não é próprio de pessoas ditas, de bem.]  (José Azevedo)
Uma forma de trabalhar que consideram que não se pode estender ao pedido de exames complementares de diagnóstico. “É que o pedido de realização de exames complementares de diagnóstico no contexto geral da Triagem de Manchester deverá ser enformado por uma presunção clínica de diagnóstico até porque, estando em causa exames que importam a ofensa à integridade física do doente e que, em alguns casos, importam riscos para essa integridade, os mesmos só devem ser prescritos/utilizados na medida do estritamente necessário e em face de uma hipótese científica e clinicamente fundamentada de diagnóstico”, lê-se no parecer, que questiona ainda se os doentes vão pagar taxas moderadoras destes exames que podem ser desnecessários e qual o impacto na factura do Serviço Nacional de Saúde. [Falácia pura, pois que também os Médicos trazem a sua cábula para lerem e saberem os exames que podem pedir em determinadas situações de urgência. Citar os custos e os pagamentos pode iludir as questões de fundo tanto mais que os Médicos não são um modelo de poupança, comparativamente com os Enfermeiros, a começar pelo salário.] (José Azevedo)
“Aparência de que o utente está a ser atendido”
Para os clínicos, o verdadeiro problema das urgências continua a ser a falta de profissionais e de meios, referindo ainda casos de “classificação errada de alguns doentes, com sérios prejuízos para os mesmos”. Por isso, insistem que os pedidos de exames por parte dos enfermeiros poderão atrasar o trabalho dos próprios profissionais de enfermagem nas triagens, sem resolver o diagnóstico. O parecer afirma que se estará perante uma “aparência de que o utente está a ser atendido e a aceder aos cuidados de saúde, quando a observação por um médico continuará a depender dos recursos médicos existentes”. “Verdadeiramente, o que adianta ao doente fazer alguns exames se, durante horas, nenhum médico puder observar o doente e analisar esses exames?”, questiona o bastonário. 
[ Esses problemas da treta acabam se o Estado, em vez de os ter presentes a passear o cabrito aos ombros, entre os doentes amontoados, os mantiver por chamada feito o pré.diagnóstico pelos Enfermeiros, como já fazem noutros, muitos países e o Médico estiver dependente do que produz. Nestes casos a vaca sagrada passa a ser outra. Este parecer é altamente suspeito e tende a manter a anarquia para justificar a contratação de mais Médicos que atrapalhem ainda mais o atendimento como a experiência demonstra.
O parecer é pouco válido porque o que está em causa não é a quantidade de Médicos; é a forma como trabalham, nas urgências, usando um método de observação largamente ultrapassado e que nem contempla a eficácia dos meios complementares de diagnóstico, que devem ser usados para diagnosticar e não para proteger as costas dos Médicos na medicina defensiva.] (José Azevedo)
A Ordem argumenta que a medicina não pode ser “normalizada” e que, “na esmagadora maioria dos doentes, o que vai acontecer é que, quando por fim tiverem a sorte de chegar a sua vez de serem sujeitos a observação médica, caso não seja já tarde demais, o doente vai ter de repetir a realização de exames complementares, agora adequados aos diagnósticos diferenciais finalmente colocados na sequência da realização da competente história clínica”. [ Quem ouvir isto não é surdo;
quem ler isto, não é cego. O que dá a impressão é que só o Médico é capza de fazer parar a morte, a dor e a doença, até é por isso que os Médicos, não morrem e não adoecem: morrem como nasceram, isto é; como os outros.
Pois esta lenga-lenga bastonoide até parece fazer esquecer isto. E repito; o problema não é esta omnisciência e omnipotência médica que o Sr. Bastonário assegura, se forem cumpridas as suas dele regras.
Se morrer, não obstante o cumprimento rigoroso das regras, quem deve responsabilizar; a Natureza os a balelas dos Sr. Bastonário.
O que seria da Saúde deste Povo se todos os Médicos comungassem das balelas deste Bastonário. O nosso Bastonário, se não fosse o oposto disto, até é capaz de ser um génio, pois a lábia e desfaçatez que este tem a mais tem o nosso a menos. ] (José Azevedo)
NB: O Sr. Bastonário calado até tem bom aspecto;
Mas, quando abre a boca, se não for para bocejar e disser coisas babosas, como as que diz ali acima de, é pior que um cato aloés vera.
Reparem nesta baboseira: [MÉDICOS REJEITAM ALARGAMENTO "INÚTIL E PREJUDICIAL DAS FUNÇÕES DOS ENFERMEIROS.]
Reparem caros e pacientes leitores:
1 - Se na lei as Ordens Profissionais têm os mesmo poder e fins, que o Estado, que as cria, lhes delega;
2 - Se a Ordem dos Enfermeiros é igualzinha à dos Médicos, imaginem os efeitos psicadélicos, se na Ordem dos enfermeiros, houvesse um Bastonário com um grau de desfaçatez equivalente, ao que está no arvoredo, a dizer o mesmo das inutilidades dos Médicos, que as têm;
3 - Se os Médicos não estão a dar conta dos recados, quem convenceu o Sr. Bastonário Médico que só eles é que sabem?

4 - Se a experiência internacional está a demonstrar que são os enfermeiros os mais eficazes em muitas situações de urgência, e não só, quem lhe dará ouvidos e levará a sério estas coisas alarves, em matérias que não domina;
5 - Que saberá o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos das capacidades e habilidades dos Enfermeiros? Nada ou pouco mais do que nada.
6 - A histórias dos remédios que os Médicos nem às parteiras deixam receitar e a culpa não é dele é do governo que não os comparticipa, mas comparticipa-os se forem receitados por um Médico de Família não especializado.
7 - E o Bastonário dos Médicos não pode desconhecer que os Enfermeiros têm tanto ou mais poder e responsabilidade  na administração dos remédios que eles receitam do que os Médicos ao receitá-los.
8 - Que seria dos Doentes se os Enfermeiros não tivessem poder e responsabilidade para corrigir os erros das receitas dos Médicos: está a confundir comparticipação na compra dos remédios com as competências dos Enfermeiros para lidar com muitas das situações, por sua conta e risco, pois a responsabilidade é de quem administra e não de quem receita o remédio errado. E, apesar disso temos o bom senso de não expor estes erros humanos e desumanos, nem classificá-los de "inúteis e prejudiciais", como está a fazer com os Enfermeiros, que lhe dão lições, em muitas matéria, até na humildade, que ele o dito cujo, confunde com estupidez e ignorância perigosa.
9 - O único sector que é capaz de meter os Médicos nos eixos, nos desmandos, é o Enfermeiro. Todavia, os Enfermeiros não controlam as Octapharmas, Dinamicspharmas, numa palavra, as forças do mal, como diz Matthias Rath.
10 - Isto não significa que não conheçam as propriedades da molécula e as respectivas patentes, porque já aprendem na faculdade a assimilar a responsabilidade que têm não administração dos remédios.
11 - Quando não eram licenciados, como são os Médicos, os Enfermeiros tinham uma competência delegada, através da receita; mas isso acabou com o poder autónomo que é conferido ao Enfermeiro, através do seu código deontológico, como o mesmo poder legal nas "leges artis", que têm os Médicos, respectivamente. O Sr. Bastonário entende que é inútil e prejudicial facultar esta prática aos Enfermeiros, deve entender-se com o Bastonário numa conversa de igual para igual.
12 - Sem vaidade, eu explicava a alguns Médicos, quando andava mais próximo, as 3 partes da receita dos remédios, que nem todos conheciam:
1 - R/e - é uma expressão latina ( recipe), que deriva do verbo latino [recipo, es,...] e é dirigida ao boticário e diz - (a)receba, aceite...
2 - Depois de o boticário receber vem a prescrição dos remédios e forma como devem ser manipulados, por instrução do Médico;
3 - A parte última e 3ª é a que se destina ao Enfermeiro, em termos de vias de administração e dosagens. Mas atenção, o Enfermeiro já sabe os cuidados que deve ter e pelos quais é agora responsável, pois a sua formação é exigente e atualizada e não tem a ver, só com a parte 3ª, porque também para eles a formação evoluiu e dispensa as indicações médicas em muitos aspectos, e isto é que é importante, que o igualam ou supera os próprios Médicos.
13 - Pela petulância e atrevimento do Sr. Bastonários dos Médicos, os menos avisados ficam a pensar que ele é o mandante e os Ministros só fazem o que ele quer.  
14 - Enquanto os jornais e outros meios de comunicar não concederem a paridade aos Enfermeiros, ou fizerem a informação paritária, como é o trabalho de Enfermeiros e Médicos, enquanto próprio de cada grupo, isto não melhora em termos de confusão:
14.1 - Por um lado é o Bastonário dos Médicos a dar a impressão de que é ele o responsável pelas competências dos Enfermeiros e só abre a comporta, quando muito bem quer;
14.2 - Pelo outro lado é o Bastonário dos Enfermeiros a abafar a individualidade e carácter da Profissão que ordena, com a citação do trabalho de equipa...
Caros Colegas, esta gente está mesmo a pedi-las!
A nossa dúvida é por onde devemos começar.
E como não há duas sem três, nem sábado sem sol, nem domingo se missa, nem segunda feira sem preguiça, vejamos o SIM (Sindicato Dependente dos Médicos)
Requisição de ECD's por Enfermagem - Comunicado
14-01-2015
163 leitores + 1.
É noticiado que o Ministério da Saúde tem em preparação um projecto de Despacho relativo à requisição por profissionais de Enfermagem de exames complementares de diagnóstico (ECD's) nos serviços de urgência, mediante protocolos associados ao Sistema de Triagem de Manchester (MTS), tendo sido solicitado à Ordem dos Médicos um competente parecer, o qual foi hoje tornado público e é esclarecedor.
Com este procedimento pretende-se dar às populações uma falsa aparência de segurança e rapidez de atendimento, face aos episódios de falência da resposta atempada aos doentes que acorrem a esses serviços.
Um exame complementar de diagnóstico é, como a própria designação o indica, algo que fundamenta e corrobora um diagnóstico. Diagnóstico que é um Acto Médico. Ponto.
Tal actuação por parte de um profissional de Enfermagem de imediato configura uma usurpação de competências, com a qual nenhum Médico poderá pactuar, por ex.º analisando os resultados de tais ECD's.
Isto sob pena de cumplicidade em acto ilícito. Incorrendo portanto em responsabilidade disciplinar, deontológica, cível e criminal.
Recordamos que o colapso das urgências se deve a factos bem conhecidos (e indesmentíveis) de quem há muitos anos e diariamente nelas trabalha: basicamente a falta de recursos humanos e a desadequação da resposta.
Tal terá muito menos a ver com a sustentabilidade do SNS do que com a sustentabilidade de alternativas de atendimento disponibilizadas aos que têm seguros e subsistemas de saúde, e/ou disponibilidade financeira para a eles recorrerem.
O Sindicato Independente dos Médicos alerta e apela a que não se tente vender à população gato por lebre.

(Depende do gato e depende da lebre). Quem ler isto, até vai supor a infalibilidade Médica, igual á do Papa quando fala ex-cátedra.
Portugal é mesmo o país das maravilhas, mas ainda há quem as não consiga ver. Esta da infalibilidade médica é a 8ª maravilha do mundo.


Notícias

OM dá parecer negativo a requisição de exames por protocolos associados à Triagem de Manchester
Ex.mo Senhor Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde
Assunto: Parecer urgente sobre proposta de Despacho
Analisada a proposta de Despacho relativa à requisição de exames complementares por protocolos associados ao Sistema de Triagem de Manchester (MTS), a Ordem dos Médicos vem emitir o seu parecer negativo nos seguintes termos e fundamentos:
1. O MTS consubstancia um sistema de triagem geral com atribuição de prioridades no atendimento de utentes urgentes, e não uma triagem clínica, pelo que, de modo algum, poderá ser estabelecido um paralelismo com as chamadas “vias verdes”. Efectivamente, MTS, “vias verdes” e “solicitação de exames” à entrada da urgência são questões completamente diferentes, sendo surpreendente e incompreensível a confusão estabelecida entre elas por sua Exa. o Ex.mo Senhor Secretário de Estado Adjunto da Saúde!
2. É particularmente grave, muito grave, que se afirme, no preâmbulo da proposta de Despacho, que, não havendo qualquer avaliação médica prévia, o MTS permita implementar protocolos de analgesia e exames complementares de diagnóstico! A Ordem tem a certeza que o Grupo Português de Triagem não concorda com esta afirmação. O MTS é uma mera triagem de prioridades! Não está preparado nem validado para mais nada! Fazer analgesia antes de observação clínica representa um enorme risco para os doentes, podendo mascarar algumas situações potencialmente graves!
3. De resto, como sistema geral de atribuição de prioridades no atendimento de utentes, o MTS revelou já as suas insuficiências, como notícias mais recentes revelam, quer no que toca à deficiência do sistema em resolver o verdadeiro problema das urgências, que é o da insuficiência de meios nos SUs, em especial de profissionais médicos e de enfermagem, mas também de outros técnicos, quer no que respeita à classificação errada de alguns doentes, com sérios prejuízos para os mesmos;
4. Na verdade, a Ordem dos Médicos não foi informada sobre os resultados de auditorias externas que tenham sido já realizadas. O MTS existe no terreno há vários anos, as queixas de doentes e médicos têm sido muitas, algumas particularmente preocupantes, mas os verdadeiros resultados da sua aplicação continuam a não ser revelados;
5. A forma como o MTS tem sido apresentado pela própria Ordem dos Enfermeiros, de um sistema de triagem de doentes urgentes feito por enfermeiros, é falaciosa e enganadora, obrigando a Ordem dos Médicos a recordar que os enfermeiros, que respeitamos, não fazem a triagem dos doentes, limitando-se a aplicar os protocolos, elaborados por médicos e sob delegação médica, sendo a triagem de prioridades dos doentes feita pelo resultado dos algoritmos e não pelos enfermeiros. Da mesma forma, os enfermeiros não pedem exames nas vias verdes, limitam-se a aplicar um protocolo numa situação muito particular e devidamente tipificada, em que o mesmo exame é essencial para o primeiro diagnóstico diferencial e, não menos importante, vai ser imediatamente observado por um médico!
6. Ao pretender consagrar e generalizar “competências” dos enfermeiros, através de protocolos supostamente validados (certamente saberá qual o significado científico de protocolo validado?), na requisição de exames complementares de diagnóstico, a proposta de despacho incorre em vários erros com os quais a Ordem dos Médicos de modo algum poderá estar de acordo.
7. Em primeiro lugar, atribui competências “protocoladas” a estes profissionais que, nos termos da lei e, em especial, dos Decretos-lei 176/2009 e 177/2009, de 09 de Agosto, são competências próprias dos médicos, como seja a de realização de um diagnóstico;
8. É que o pedido de realização de exames complementares de diagnóstico no contexto geral do MTS deverá ser enformado por uma presunção clínica de diagnóstico até porque, estando em causa exames que importam a ofensa à integridade física do doente e que, em alguns casos, importam riscos para essa integridade, os mesmos só devem ser prescritos/utilizados na medida do estritamente necessário e em face de uma hipótese científica e clinicamente fundamentada de diagnóstico, e não através da multiplicação de protocolos normalizados; a medicina não é aplicável por protocolos rígidos, pois cada doente é um doente, principalmente o doente urgente.
9. Estamos no domínio dos direitos, liberdades e garantias dos doentes pela que a actividade de prescrição de exames complementares de diagnóstico deve obediência aos princípios jurídicos fundamentais da adequação, da necessidade e da proporcionalidade que a proposta de despacho coloca em crise;
10. Em segundo lugar, num contexto onde a política de saúde envereda pela imposição de inúmeras restrições, determinadas apenas e só por critérios economicistas, não se compreende a adopção de uma falsa solução que poderá redundar na realização de exames que, afinal, na maioria das situações, se podem revelar completamente desnecessários e, em alguns casos, perniciosos;
11. Trata-se assim de uma medida que, a ser adoptada, contende com o princípio da eficiência que deve presidir à realização do interesse público;
12. Acresce ainda que, mesmo determinando que os pedidos de exames complementares de diagnóstico sejam apenas e só admitidos perante o preenchimento de uma “check list” prévia de sintomas, tal contende com o facto de a Medicina não dever nem poder ser normalizada, não se tratando, como a prática demonstra na própria aplicação do MTS, de uma ciência precisa e meramente presumida de sintomas padrão que podem representar realidades muito diferentes;
13. Os doentes vão ser obrigados a pagar a taxa moderadora de exames que lhes foram desnecessariamente solicitados e que, durante horas, nenhum médico esteve disponível para observar? Ou estes exames pedidos por protocolo vão ser isentos de taxas moderadoras?
14. Em terceiro lugar, se com a adopção do referido despacho se pretende dar uma resposta ao problema da escassez de recursos humanos nos SUs, o despacho proposto não resolve o problema e apenas pretende criar a aparência de que o utente está a ser atendido e a aceder aos cuidados de saúde, quando a observação por um médico continuará a depender dos recursos médicos existentes nos SUs, problema ao qual o despacho não dá resposta; ou seja, o Despacho visa enganar os doentes. Verdadeiramente, o que adianta ao doente fazer alguns exames se, durante horas, nenhum médico puder observar o doente e analisar esses exames?
15. Por outro lado, o Despacho vai sobrecarregar os procedimentos da enfermagem aquando da aplicação do MTS, atrasando a triagem dos doentes, sem qualquer benefício para os mesmos.
16. Na esmagadora maioria dos doentes, o que vai acontecer é que, quando por fim tiverem a sorte de chegar a sua vez de ser sujeito a observação médica, caso não seja já tarde demais, o doente vai ter de repetir a realização de exames complementares, agora adequados aos diagnósticos diferenciais finalmente colocados na sequência da realização da competente história clínica; não são alguns exames “protocolados” feitos à entrada que evitarão as mortes desnecessárias nos serviços de urgência ou poderão acelerar a orientação dos doentes.
17. Em quarto lugar, lamentavelmente, o Despacho também não dá resposta à necessidade de reforço dos Cuidados de Saúde Primários que são, no entender da Ordem dos Médicos, uma variável imprescindível na resolução das situações clínicas agudas que sobrecarregam os SUs, cuja vocação deverá ser a de atendimento de urgências e emergências médicas.
18. Também não dá resposta à falta de camas hospitalares, um dos factores de congestão das urgências e de sobrecarga de funções dos parcos recursos humanos disponíveis, nem ao esgotamento das macas disponíveis, com reflexo negativo na acção e prontidão dos bombeiros.
19. Finalmente, a avaliação e auditoria externa (verdadeiramente externa) de quaisquer medidas aplicadas no sector da Saúde constituem, a par da transparência de processos, ferramentas essenciais de trabalho e avaliação que deviam ser amplamente implementadas, nesta e noutras matérias, e eticamente divulgadas.
Em face do exposto, a Ordem dos Médicos reitera a sua fundamentada discordância quanto ao teor da proposta apresentada, sem prejuízo do óbvio benefício da actualização generalizada dos protocolos do MTS e respectiva auditoria regular.
Efectivamente, este estranho Despacho mistura e baralha conceitos, irá aumentar a despesa em exames complementares, vai atrasar a aplicação da triagem dos doentes e vai obrigar os doentes a serem submetidos a exames complementares em dois tempos, nada beneficiando de forma substantiva o processo de avaliação e encaminhamento do doente no serviço de urgência.
A única forma de acelerar a observação dos doentes num serviço de urgência é dotando os serviços de urgência dos recursos técnicos e humanos que necessitam, nomeadamente médicos.
Um doente urgente precisa de ser rapidamente observado por um médico, o acto por excelência que vai efectivamente ditar a rapidez com que o doente é diagnosticado, tratado e devidamente orientado. Nada adianta realizar meia dúzia de exames ditados por um protocolo. Os doentes urgentes são dos mais complexos da medicina, não são meros protocolos.
Em conclusão, o presente Despacho é demagógico, inútil e prejudicial, não resolvendo nenhum dos verdadeiros problemas do acesso à Urgência em Portugal.
Ainda hoje, ao visitarmos um serviço de urgência de um Hospital Universitário, encontrámos 52 doentes em macas num espaço previsto para apenas 17 macas, já sem contar com os doentes sentados, estando os profissionais debaixo de um enorme stress, o que, naturalmente, aumenta o risco de erros, cuja responsabilidade não lhes pode ser imputada; e não era dos piores dias...
A Ordem dos Médicos recorda o velho ditado português, fruto de sabedoria milenar, que “não se fazem omeletas sem ovos”, e reitera junto de V.Exa a sua total disponibilidade para, em diálogo técnico e franco, analisar e resolver os problemas das urgências em Portugal.
Com os melhores cumprimentos,
José Manuel Silva
Presidente da Ordem dos Médicos



Para quê mais palavras?!

Só não entende quem não quer ou não pode.


Com amizade,
José Azevedo
:

Sem comentários:

Enviar um comentário