quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PÚBLICO-PRIVADO E OS ENFERMEIROS


Que terá esta dupla público-privado a ver com a situação dos Enfermeiros?
Que tem esta dupla a ver com os Enfermeiros e a sua tabela remuneratória?
Por que não negocia o MS  o ACT, que complete a legislação atabalhoada, que, por essa razão, não funciona com o respeito e dignidade, que devia, e os Enfermeiros merecem?

Por causa das privatizações da saúde, que avançam a passos largos, na área lucrativa da coisa.
Os lucros vão para os privados; os ossos, ou seja: o que dá prejuízo, fica do lado público. (Onde é que já ouvi isto...)
Para que tudo isto funcione, é preciso uma mão de obra qualificada e barata. Os sacrificados têm sido os Enfermeiros. E continuarão a ser se:
1 - Não acreditarem em si próprios;
2 - Não acreditarem em nós.
Começa pelo sistema, que o SEP engendrou, para as chefias de Enfermeiros, onde se escolhem pessoas, sem concurso, nem critérios. Todos conhecem, de perto, e mais bem do que nós, o que não precisamos de dizer, acerca do tipo explorador e atemorizador das chefias que estão a invadir a Enfermagem.
Todos conhecem o rol de ameaças que pairam sobre os Enfermeiros, (que recebemos de hora-a-hora), quando estes reclamam os seus mais elementares direitos, como por exemplo o de uma mãe ir amamentar o seu filho, cumprido o seu turno, encurtado 2 horas.
Pensar que esta mulher Enfermeira deve continuar, para outro turno, a fim de tapar a mediocridade de quem chefia e não sabe prever os imprevistos, como lhe compete, porque estão, sempre, a supor que os Enfermeiros, que assustam, avisando-ameaçando, com coisas, que nem sequer têm competência para executar, estão disponíveis para suprirem, de graça, ou a custo zero, são sintomas concretos, que dão bem a noção e imagem do retrocesso da Classe, em matéria de direitos profissionais.

É uma máquina cuidadosamente montada, para ter dois Enfermeiros pelo preço de um.
Até o Ministro, que elogiam por ser bom, em contas e em pôr os Médicos, na linha, teve o descaramento de dizer, que os Enfermeiros andam exaustos, porque trabalham, em dois e mais lugares.
A este deslize, respondi-lhe prontamente: se trabalham em 2 lugares é porque lhes paga metade do que devia e têm direito.
Mas, já na redução, da percentagem dos 85% do total remuneratório, que o seu Ministério consome, só com a classe Médica, não mexe;
Já os 1500€ mensais, que paga a estagiários de medicina, em formação, portanto, logo pouco produtivos e muito complicativos, dos afazeres dos Enfermeiros, mais uma vez e sempre eles, o Sr. Ministro não vê nada de nada, ou finge não ver.
Às vezes, manda umas críticas, à laia de aviso, parecendo acusar os estagiários e os outros de serem os responsáveis, por já terem negociado 3 ACT, um deles selado ao domingo, para que a famigerada troika, não interferisse, com um estatuto privilegiado, cuja eficácia é garantida, à custo do trabalho e das míseras remunerações dos Enfermeiros.
Todo este conjunto de anomalias, só é permitido, porque os Enfermeiros consentem que os espezinhem, esquecendo que, sem Enfermeiros, não há serviços de Enfermagem.
Esta reflexão faz parte da consciencialização, que os Enfermeiros têm de ir adquirindo, de que a solução destes problemas está neles. E só.
Os privados levam Enfermeiros altamente preparados, a custo zero.
Os públicos, nem facilidades dão, aos Enfermeiros, para se especializarem, a expensas próprias, quando, por outro lado, pagam aos Médicos 1500€ mensais, já no estágio, com a garantia de serem especialistas, logo que acabam a formação, porque os altifalantes, inventores de necessidades, em esquemas anómalos, nem deixam que se pense, em alternativas, a partir dos Enfermeiros, cuja categoria aboliram contra a nossa posição...
Mas há uma coisa que não conseguem deter: a ferrugem, que vai minando os esquemas e sistemas. É só fornecer-lhe o oxigénio, que acelere a oxidação da coisa!
Tal como não são as ondas gigantes, que destroem os diques da Holanda, na conquista do mar, mas a ferrugem, que vai minando o ferro, também nós, não pararemos de alertar e orientar os Enfermeiros, nas atitudes passivas, (por enquanto), que podem tomar, até termos a certeza de que podemos entrar, na recta final da conquista irreversível, de tudo o que merecemos: uma carreira condigna com salário justos, merecidos.
E os que andam, há anos, a tentar explorar os Enfermeiros, da pública, para a privada e, vice-versa, com a ajuda de alguns Enfermeiros e esquema de carreira inadequado, que vão preparando a bolsa porque a lagoa das facilidades vai secar.

A nossa delegação, em Lisboa continua a crescer. Já atingiu os 2150 Associados.
Mais a norte, os sinais de revolta são, cada vez mais notórios e imparáveis.
Com a ajuda de todos, mesmo dos arregimentados para ajudarem a explorar os Colegas, vamos conseguir as negociações, que o Ministério da Saúde retém, desobedecendo à própria Assembleia da República, que deu ordens claras, para resolver, até Dezembro passado, as lacunas dos CIT.
Ficam com a certeza de que as não negociações, são para garantir salários baixos, para os Enfermeiros, no sector privado, garantindo-lhe mão-de-obra qualificada e barata, sem qualquer contratação, também.
Ora, a exaustão dos Enfermeiros não é por trabalharem em dois lugares; é por só receberem metade do salário e terem de recorrer à emigração ou duplo emprego, para custearem as despesas, duma vida digna e honesta. Isto não são só palavras...
Contem connosco, atentos e operativos; contamos convosco, na luta pelos vossos interesses justíssimos.
José Azevedo

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