quarta-feira, 10 de junho de 2015

A ORDEM DOS ENFERMEIROS E OS DESILUDIDOS


Estão na moda os desiludidos da acção da Ordem dos Enfermeiros, nas desventuras da Profissão Enfermeira.
Quem foi que iludiu estes desiludidos; é o inquérito que se impõe, para sabermos, com rigor, onde acaba a realidade e começa a ilusão.
Para muitos, a Ordem era a sua esperança de se libertarem dos Sindicatos, pois a Ordem, sempre teria mais categoria, como por exemplo a Ordem dos Advogados, a Ordem dos Médicos, dos Engenheiros, etc e tal...
Só que se esqueceram (os desiludidos) que todos esses que tinham Ordens poderosas e influentes, necessariamente, enquanto representavam profissionais liberais, que exerciam a profissão respectiva, por conta própria, à medida que se foram proletarizando e trabalhando por conta de outrem, foram criando sindicatos, como aconteceu com todos eles, incluindo os Juízes.
Fizeram, digamos, o movimento inverso dos Enfermeiros, cuja actividade profissional se foi caracterizando e profissionalizando, ao ponto de atingir uma grau de responsabilidade própria que carecia de tratamento adequado, através da Ética, que consagra os Hábitos, através do direito consuetudinário (onde o hábito faz a lei), e da Deontologia, que os obriga a cumprir ( os tais hábitos).
Em bom rigor, os que têm funções públicas, nem precisam das Ordens para nada, a não ser para repetir o que o estatuto disciplinar, que é a deontologia, que se encontra regulamentada nos direitos e deveres do trabalhador, em funções públicas.

A Ordem dos Enfermeiros devia ter uma pedagogia mais activa, no sentido de informar os Enfermeiros das suas limitações específicas, tanto mais que nem sequer precisa de se mostrar útil, porque a inscrição na Ordem é obrigatória.

Infelizmente, a falta de formação de muitos agentes, que têm ocupado altos cargos, na Ordem, nunca se preocuparam com a sua formação. A Anterior Bastonária confundia muitas vezes os estatutos do Sindicato de onde veio, com o da Ordem onde esteve 15 anos entre os da comissão instaladora da Ordem e os dos mandatos.

Ora: não tendo a Ordem estatuto para representar individualmente cada Enfermeiro, em qualquer problema de natureza laboral e patronal (a não ser para o punir em caso de infracção ao Código Deontológico), devia haver o cuidado e honestidade dos serviços da Ordem dos Enfermeiros, para informarem os recorrentes a serviços de que necessitam e a Ordem não pode fornecer. Isto não por vontade de Dirigentes Ordinásticos mal formados e informados,que nem sequer precisam de captar o recorrente, porque ele é obrigado a estar inscrito na Ordem, por isso a quota é constitucionalmente facultativa: só existe porque foram os Enfermeiros que, em Assembleia a impuseram, dando ares de abastados...

Mas é precisamente essa quota que os Enfermeiros se impuseram, de forma exagerada, que está a limitar o recurso aos Sindicatos, onde a inscrição é facultativa, mas por isso mesmo, a cota é obrigatória. E é aí  que encontram remédio para os males de que estão a sofrer.
Quanto mais depressa perceberem claramente esta verdade nua e crua, mais depressa começam a movimentar-se no sentido certo, com a força necessária e suficiente

Eis os fundamentos da desilusão:
Os Enfermeiros precisam mais do que nunca, o que a Ordem não tem competências para lhes dar, que são as melhores condições de vida e de trabalho, onde a Ordem não se pode meter a não ser, através de piedosas intenções, como as das dotações seguras, (em defesa dos clientes e não dos interesses dos Enfermeiros) que são cumpridas (?) como sabem.
Claro está que não são cumpridas, porque o Empregador maioritário dos Enfermeiros, é também o Patrão da Ordem dos Enfermeiros e de todas as outras Ordens.

Se não quiserem desiludir-se não se iludam. Basta perguntarem por que é que todos os profissionais liberais precisaram de criar Sindicatos, à medida que se iam tornando funcionários e trabalhadores dependentes de um empregador, seja o Estado seja um Particular.

Se lerem este pequeno texto com alguma atenção previnem-se facilmente do fenómeno da ilusão/desilusão.

Com amizade,
José Azevedo

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