terça-feira, 8 de março de 2016

AFINAL TAMBÉM HÁ MÉDICOS A DENUNCIAR PRÁTICAS DE BOA MORTE


ENTÃO O QUE DIZEM DO TESTEMUNHO DOS MÉDICOS <prima aqui>

Um nojo, porque o Dr. Pereira Coelho não é um qualquer pavão armado, em sabichão, como os disfarçantes, que primeiramente, elogiam-no, para a desdizerem, depois, o que além de atrevido é pouco inteligente, pois deixa perceber, com evidência, a estupidez da tentativa de o desdizer.
Se do curso de medicina fizesse parte uma cadeira de hermenêutica, os aplainadores de contradições flagrantes saberiam entender melhor as circunstâncias; os doentes, os enfermeiros, a escrita. E não ficavam tão desajeitados, nas fotografias...
Ana Rita, estás recompensada, mais depressa do esperavam. Manter uma discussão destas liderada pela Bastonária e Ordem dos Enfermeiros é coisa que os Médicos mais inteligentes e sabedores não poderiam permitir. É que candeia que vai à frente alumia 2 vezes mais.

Já vimos ilustres servidores do jornalismo, que até, evidenciamos, neste local, a dizerem que a Bastonária Enfermeira tinha maculado a pureza da imaculada  discussão da boa morte.
Com a pressa e prática habituais de alguns Médicos recorrerem aos Enfermeiros para os elegerem como bodes expiatórios de males que os Enfermeiros não provocam, até se esquecem que há, na Classe Médica muita e boa gente, que não alinha nesse esquema de deitar as culpas para cima dos outros, que já têm muitas e próprias, não precisando de carregar com as dos outros.

O déspota iluminado da família pombalina, que até já enjoa, com a sua doutorice enciclopédica, pois o seu saber em migalhas transforma-o num dicionário, nem sempre bem informado. E engana-se e engana.
Nesta perspectiva, eis senão quando, vem um Médico dizer, não que ouvia falar; foi mais ao fundo da questão, pois afirma, que viu e sabe.
A saída de sendeiro, seguinte à entrada de leão, está no entendimento que cada um tem da coisa.
E os pobres jornalistas, lá têm que dar a volta ao texto e inventar paninhos quentes para atenuar.
Mas será que; ainda não perceberam que os Enfermeiros vos entendem a todos muito bem!?
Só é pena que falem tão pouco de si e dos seus problemas.
Estão a criar as condições para que a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros prepare o projecto para eleger os Enfermeiros como advogados dos doentes. Alguém tem de os defender e os Enfermeiros são os mais bem posicionados e qualificados para desempenharem esse papel, evitando que os Médicos sejam juízes em causa própria, o que não é correcto no plano da ética.
E o povo, também  fica a saber que há outro licenciado, na área da saúde, a quem têm posto fita adesiva na boca, simbolicamente, porque o outro abafa tudo, com ruídos, às vezes mal cheirosos, que sendo arrotos, boca fora, mais parecem o oposto.
Se isto é assim, na discussão, imagine-se o que será, na coisa, em si!?

Sabemos que nem todos têm capacidade para uma discussão dialéctica, mas já nem todas as fracturas se tratam com gesso, que permitia a soldadura do osso fracturado e da eventual articulação próxima.
Chamaram a esta discussão fracturante, como são todas as discussões, aliás, pois se não há divergências acaba a discussão, porque estão todos de acordo. Feitios...

Com amizade
José Azevedo


Eutanásia activa: tirem os médicos da equação!

“Morte digna”? Uma ‘opção’ de quem, afinal, não tem opção livre de acesso a uma vida com cuidados dignos?
Da prática milenar da medicina aos códigos pelos quais esta se rege, tudo aponta, em termos deontológicos e de ética, para a defesa da vida. Porém, esses mesmos códigos, por forma a evitar que alguns, mais voluntariosos e bem intencionados, se obstinassem no uso de recursos e técnicas médicas para lá do que é razoável, proíbem a obstinação terapêutica, também dita distanásia ou encarniçamento terapêutico.
É, pois, contra a distanásia que todos devemos estar, porque, essa sim, é o contrário de uma morte digna e sem sofrimento. Também para evitar isso se criou a Declaração Antecipada de Vontade/Testamento Vital.
Por isso, a eutanásia, no seu verdadeiro sentido etimológico (“boa morte” ou “morte feliz”), já existe, está legislada e é  praticada a cada hora de cada dia, por médicos em todo o país. Foi, pois, com surpresa que assisti ao aparecimento de um manifesto intitulado “Pelo direito a morrer com dignidade”. E a surpresa não foi pelo que o manifesto propõe, mas pela deliberada mistificação do título.
 Será imaginável que haja, no séc XXI, alguém que defenda o direito a uma morte indigna? Surpresa, também, porque se fala em defesa da “'morte assistida”. Mas será que alguém defende que as pessoas devam, na fase terminal das suas vidas, morrer ao abandono, sem a assistência e conforto físico e psíquico?
Serei eu, que não sou assinante do manifesto – antes opositor do seu conteúdo –, um médico bárbaro que defende que as pessoas devem ser abandonadas à sua sorte, no momento da morte?
Não, não sou! Como já anteriormente escrevi, sou um intransigente defensor da existência de uma rede de cuidados continuados e paliativos com uma cobertura universal e de proximidade. Sou um defensor do Estado Social, em que ninguém sinta necessidade de terminar com a sua vida por ser ‘um fardo’ para a família ou por receio de ‘perda de autonomia’ sem acesso a Cuidados Domiciliários ou a um Cuidador Informal, essenciais para proporcionar uma vida digna a quem dela carece.
Em toda esta discussão, o que me parece é que estamos a começar a “casa pelo telhado”, i.e.: temos um país em que a rede de cuidados paliativos abrange menos de 10% dos que deles carecem, e estamos a falar em eutanásia activa como “opção livre” por uma “morte digna”???  Uma ‘opção’ de quem, afinal, não tem opção livre de acesso a uma vida com cuidados dignos?
Quando muito, falemos em “morte barata”, porque é muito mais vantajoso para o Estado, do ponto de vista financeiro, optar pela eutanásia activa em vez de apostar nos cuidados paliativos.
Outro dos aspectos focados pelos defensores da eutanásia activa, ainda que sob o eufemismo de “morte assistida”, é o de que estes actos devem ser medicamente assistidos.
Ramón Sampedro, o galego que é citado como exemplo pelos defensores da eutanásia activa por ter vivido “aprisionado no seu corpo” durante cerca de 30 anos depois de ter ficado tetraplégico, é um bom exemplo do contrário, pois não necessitou da assistência de um médico para morrer. A eutanásia activa apenas necessita de um produto farmacológico, que qualquer licenciado em farmácia tem obrigação de conhecer, e de um agente que administre esse mesmo fármaco. E, para isso, não é preciso um médico.
Aceito que outras classes profissionais entendam promover uma campanha para que lhes seja atribuída essa faculdade. Para mim, enquanto médico, a formação e a deontologia médica apontam para a vida!
Que outros profissionais da área da Saúde se não incomodem a administrar a morte, a mim não me incomoda. Problema deles. Pessoalmente quero continuar como lutador pela dignidade da vida.
Médico Estomatologista, Presidente da Direcção da Associação de Medicina de Proximidade
        

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