segunda-feira, 24 de abril de 2017

NÃO TINHA SAPATOS E CHORAVA, MAS OUTRO NÃO TINHA PÉS...


UM RELATO ANÓNIMO

Venho por este meio apresentar uma denúncia sobre as condições de trabalho no meu local de trabalho, situado no Serviço de Urgência, Hospital José Joaquim Fernandes, Beja. A queixa incide sobre o horário e o número de horas de trabalho por dia/semana/mês totais e brutais que um enfermeiro\a é obrigado a cumprir.
·         A semana normal de trabalho, são 40 horas, mas é frequente um enfermeiro ter de realizar 48/56 e, raras vezes, cerca de 70 horas por semana.
·         Neste local, é comum um enfermeiro\a trabalhar 16 horas (2 turnos) por dia, acontecendo com uma frequência de 2 ou 3 vezes por semana.
·         De forma mensal, ter de realizar mais horas, para além das 50/60/70 horas por semana, quando falta um colega, e é necessário seguir turno, sem critério de seleção, em que os mais visados são os enfermeiros “mais novos” ou “o sector que não é rendido”, não olhando quando é o turno seguinte do enfermeiro\a.
·         Outro caso de falta de sensibilidade humana, pondo em causa não apenas o bem-estar físico, psíquico e familiar, mas a própria segurança do enfermeiro\a, é o caso de enfermeiros que realizam turno no Serviço de Urgência de Beja, e logo de seguida, vão realizar turno na equipa de Suporte Imediato de Vida (SIV) de Moura, que dista a 56 km da cidade de Beja, ou seja, trabalham 8 horas no serviço de Urgência e mais 8 horas noutro local, sem intervalo de pausa ou descanso.
·         Outra situação, é ter de realizar 2 turnos (tarde e noite - 16 horas) e passado 8 horas, regressar ao trabalho para realizar mais 8h (tarde). Ou seja, no espaço de 32 horas, um enfermeiro trabalha 24 horas.
O trabalho num serviço de Urgência, como é expectável, é violento em termos físicos, psíquicos e emocionais, havendo um elevado desgaste e sobrecarga. Não seria necessário, mas existem trabalho científicos que comprovam os malefícios e risco de trabalhar um elevado número de horas, colocando em risco a vida dos doentes, com maior probabilidade de cometer erros, problemas de saúde nos profissionais e alterações negativas a nível pessoal e familiar.
Tudo é ainda mais agravado quando estes mesmo profissionais, em vez de realizar 40 semanas, realizam mais horas, de forma persistente, em que os mais prejudicados são os enfermeiros “mais novos”, uma vez que os “mais velhos”, têm outros critérios na execução do horário e na eventualidade de seguir turno por falta de um colega, raramente isso acontece porque existem “outra regras”. Além disso, há enfermeiros, a partir dos 40/45 anos não fazem noites no Serviço de Urgência, quando não há qualquer lei que impeça de trabalharem na noite.

A denúncia é anónima por motivos óbvios e evitar represálias no serviço e no interior da instituição.

Cumprimentos.


NB:
Quando dizemos que; uns têm uma razão para fazerem greve e nós, os Enfermeiros, temos muitas, este exemplo real, concreto, constante, é uma das várias, que denotam o imobilismo e nulidade da Administração deste hospital, que, só pelo crime, que está a cometer, na segurança dos cidadãos, da zona e de quem os procura, com urgência, além de demitida, devia ser presa.


E anda o ministério da doença à procura das causas da promiscuidade, no hospital de Cascais, para fingir encontrar uma explicação da morte da jovem de 17 anos contagiada com sarampo sobre as mazelas que detinha.
Repare, nisto, Sr. Ministro, e, se a comissão de busca em Cascais, não é das do tipo "jobs for the boys"; não precisa de andar muito para encontrar as causas dos fenómenos, que envergonham o seu ministério. Atente neste exemplo.
Não obstante um cidadão de Beja custar o triplo do que custa, ao erário público, um cidadão do Porto ou de Lisboa; no hospital essa proporção não está a funcionar e é urgente saber porquê!

Com amizade e atenção e solidariedade ativa,
José Azevedo

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